A baixa adesão à Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza em Campos segue preocupando as autoridades de saúde. Desde o início da mobilização em 7 de abril, o município afirma ter aplicado apenas 33.672 doses da vacina, o que corresponde a 25,99% da população.
Os números estão bem abaixo dos 90% estabelecidos pelo Ministério da Saúde para o público-alvo prioritário. Para atingir esse feito seria necessário vacinar algo em torno de 129.578 pessoas entre idosos, gestantes e crianças. Os dados constam no site da Prefeitura de Campos.
O quadro gera maior preocupação das autoridades, principalmente por ser em um período do ano com temperaturas mais baixas. Nessa época a circulação do vírus tende a aumentar. Segundo o infectologista Rodrigo Carneiro, diretor da Subsecretaria de Vigilância em Saúde, a baixa procura pela vacina pode trazer consequências sérias.
“Nós ainda estamos em um clima frio, em que as pessoas ficam mais próximas umas das outras, o que facilita a propagação do vírus da gripe. Esse vírus pode causar uma doença grave, que leva muitas pessoas à internação e, infelizmente, ao óbito. A melhor forma de prevenção é a vacina, e por isso reforçamos que a população deve procurar as Unidades Básicas de Saúde (UBS) ”, explicou o médico.
O especialista lembrou ainda que a gripe pode se somar a outros vírus respiratórios em circulação, como coronavírus, adenovírus e o vírus sincicial respiratório, agravando os quadros clínicos. Além disso, destacou a importância da proteção para pessoas com doenças crônicas.
“Diabéticos, hipertensos, pacientes com problemas pulmonares, como a doença pulmonar obstrutiva crônica, ou pessoas com a imunidade comprometida têm risco maior de complicações graves. Para esse público, a vacina é ainda mais essencial”, reforçou Carneiro.
Outro ponto de alerta é o impacto no sistema de saúde. De acordo com ele, já há um aumento no número de atendimentos por síndromes respiratórias em unidades de urgência e emergência.
“Muitas pessoas procuram o pronto-socorro com sintomas respiratórios. A vacina é uma ferramenta fundamental para reduzir esses atendimentos e, consequentemente, a sobrecarga do sistema”, destacou.
O assessor técnico de Imunização da Secretaria Municipal de Saúde, Leonardo Cordeiro, também chamou atenção para os riscos da baixa cobertura. Ele ressaltou que a campanha tem como foco justamente os grupos mais vulneráveis, e que a queda na adesão nos últimos anos é preocupante.
“Nos últimos anos, a cobertura vacinal vem caindo, e isso é preocupante. A gente precisa que a população volte a acreditar nas vacinas. A desinformação atrapalha o trabalho da imunização no país inteiro. Por isso precisamos sempre reforçar que os benefícios da vacina. Não queremos esperar ver crianças e idosos internados para que a população se mobilize. A prevenção precisa vir antes”, afirmou.