O prefeito de Maricá, Washington Quaquá (PT), resolveu entrar na briga, como ele mesmo chamou, pela construção do chamado “Trecho sul” da tão esperada Estrada de Ferro 118 (EF-118), também conhecida como Ferrovia Rio-Vitória.
“Nós de Maricá estamos entrando nessa briga pelo Rio de Janeiro, pela economia do Rio de Janeiro, pelo povo do Rio de Janeiro, e pelo desenvolvimento do Brasil”, afirmou Quaquá, em vídeo publicado na tarde dessa sexta-feira, 14, nas redes sociais.
O assunto vem sendo discutido há anos, e parecia mais perto de uma resolução positiva para o Estado do Rio, com a audiência pública do Ministério dos Transportes no último dia 31 de janeiro, mas um dos pontos apresentados chamou atenção das autoridades fluminenses.
Desde então, diversos prefeitos da região, especialmente de Macaé, Campos dos Goytacazes, São João da Barra e Quissamã, no Norte Fluminense, além do próprio prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), já se manifestaram contrários à proposta apresentada pelo Ministério dos Transportes.
Com 575 quilômetros (km) de extensão, a ideia é que a EF-118 ligasse a cidade de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, ao município de Santa Leopoldina, no Espírito Santo (ES), dividida, porém, em 2 trechos, os chamados, “Trecho Sul”, entre Nova Iguaçu e o Porto do Açu, em São João da Barra, e “Trecho Norte”, entre o Porto do Açu e Santa Leopoldina (ES), além de um trecho de 80 km entre Santa Leopoldina e Anchieta, também no ES, que ficaria sob responsabilidade da Vale.
E é justamente o “Trecho Sul” o pivô da polêmica, já que pela proposta atual, o “Trecho Norte” teria prazo imediato para ser implementado pela concessionária vencedora, enquanto o “Trecho Sul” seria construído posteriormente, num sistema que está sendo chamado de gatilho, mas que não teria um “disparador” definido.
“Essa é uma reivindicação importante, não só para Maricá. Nós precisamos ligar o Porto do Açu e o Norte Fluminense até Maricá e o Porto de Maricá; de Maricá até o COMPERJ (Complexo Petroquímico do Estado do Rio, atualmente Complexo Boaventura), e do COMPERJ até o Porto de Itaguaí, passando pela Baixada Fluminense, criando todo um corredor de logística, desenvolvendo Baixada Fluminense, Leste Fluminense, interligando o Norte e todo o Rio de Janeiro. Isso é fundamental para a economia do Rio de Janeiro”, defendeu Quaquá.
Em vídeo publicado no final de janeiro, o prefeito do Rio, Eduardo Paes reforçou a importância da reinclusão do “Trecho Sul”, previsto no projeto original, e que teve a obrigatoriedade retirada na nova proposta apresentada no último dia 31.
“O ‘Trecho Sul’ é fundamental para a economia e a integração do nosso Estado, porque ele sai da Baixada, né, corta todo o Estado, passando, inclusive, por regiões que estão em uma fase de desenvolvimento industrial, como o Complexo Boaventura, que é o antigo COMPERJ, e aí você integrar vários municípios, desde Campos, Macaé, Carapebus, Quissamã, Rio das Ostras, Casimiro de Abreu, Silva Jardim, Rio Bonito, Tanguá, Itaboraí, São Gonçalo, Magé, [Duque de] Caxias, Nova Iguaçu, entre outros municípios, e também municípios limítrofes, como a minha amada Maricá e a cidade do Rio de Janeiro. Postergar o ‘Trecho Sul’ é algo que a gente não pode aceitar, em especial quando vai contar com recursos públicos, da União, que, na prática, vão transformar o Porto do Açu em um mero corredor de exportação de minério para um grupo privado, a Vale, e somente melhorar a logística de outros estados”, afirmou Eduardo Paes, que promete levar a questão ao presidente Lula (PT-SP).
Nessa sexta-feira, Quaquá defendeu uma grande frente de diálogo, reunindo o presidente Lula, o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), o próprio Eduardo Paes, além de vários outros prefeitos do Rio, em especial dos municípios afetados diretamente pela EF-118, para lutar pela reinclusão do “Trecho Sul” ao projeto, bem como a discussão do uso da Ferrovia Rio-Vitória como meio de transporte de passageiros, além do transporte de carga.
“Fundamental também, uma coisa que o deputado Carlos Santana levanta, é que a linha seja compartilhada, uma linha de carga com linha de passageiros, desafogando toda a mobilidade urbana do Rio de Janeiro. Então, presidente Lula, nós queremos dialogar com o senhor, dialogar com o governador Cláudio Castro, com o prefeito Eduardo Paes, e com os prefeitos de todo Rio de Janeiro para que a gente possa ter, de fato, uma ação do governo federal junto com o governo estadual e com os governos municipais que, de fato, atenda os interesses do povo do Rio de Janeiro, e não só os interesses da Companhia Vale”, apontou Quaquá.