Dados do Painel da Saúde (clique aqui) com atualização no dia 15 de abril, às 18h10, registravam oficialmente sete casos de coronavírus e uma morte por COVID-19 em Macaé. Os números diferem bastante daqueles apresentados pela Prefeitura naquele momento – garantindo haver 4 óbitos na cidade provocados pela doença.
Contudo, independente de quem está certo sobre as estatísticas, a verdade é que o cenário catastrófico da pandemia no município desenhado pelo prefeito, Dr. Aluízio (PSDB), nem de longe se confirmou. Em 24 de março, o chefe do Executivo – que enfrenta dificuldades na reta final de mandato – foi a um jornal da cidade e previu ‘2.500 mortes’ (clique aqui).
Com base num diagnóstico de guerra, Dr. Aluízio assinou, quatro dias antes da entrevista para justificar publicamente a medida, o primeiro Decreto suspendendo as atividades em parte do comércio. De lá para cá, entretanto, duas coisas aconteceram: o número de pessoas infectadas e mortas pela COVID-19 nunca teve aumento exponencial em Macaé enquanto, mesmo assim, todas as atividades econômicas do município foram impedidas pelo prefeito de seguirem funcionando – uma atrás da outra.
O efeito cascata, claro, não demorou a aparecer: pequenas empresas falindo, grandes empresas demitindo, plataformas de petróleo na Bacia de Campos sendo paralisadas, autônomos, motoristas de aplicativos, ambulantes e diaristas entrando em desespero e a maior crise econômica da história de Macaé sendo minuciosamente arquitetada.
É neste momento que você que lê este artigo pode estar pensando: ‘Galvão, você está sugerindo que possa haver interesses pessoais e políticos por trás de tudo isso?’ Sim, é exatamente isso que estou sugerindo, ao menos, como ponto de inflexão para cada macaense que agoniza ao ver sua família sofrendo e aguarda algum tipo de bolsa-auxílio da Prefeitura para amenizar seu drama.
Na política, há uma máxima que diz: ‘Criar dificuldade para vender facilidade’. Nas duas primeiras semanas de medidas tomadas pelo prefeito, com o gabinete ‘despachando’ do Twitter diariamente, a cena de Dr. Aluízio à frente da barreira sanitária dava a ele a conotação de ‘herói’. Nada mal para quem vai terminando o Governo sem deixar uma marca relevante na memória da população.
Mas é importante olhar além do hoje para entender a configuração: reconhecidamente um estrategista político, Dr. Aluízio aposta suas fichas no fechamento da cidade e vai esticando a corda. Afinal, sob o jaleco de médico, ele parece ter maior legitimidade para decidir sobre os rumos da cidade que, acuada, enfrenta o medo de uma doença.
E, assim, Dr. Aluízio vai conduzindo Macaé a um caos como nunca antes. Imagine comigo agora que tipo de cidade o próximo prefeito herdará ano que vem (seja ele quem for): uma cidade com desemprego em massa, tendo que cortar benefícios sociais para equilibrar as contas públicas, com índices de violência crescentes, com a suspensão de programas sociais como a Passagem a R$1, entre outras coisas.
Este cenário inviabilizará qualquer futuro Governo pelos próximos… quatro anos. E é aí que a coisa toda ganha seu sentido real. Dr. Aluízio gosta do poder e poderá usar o capital político do ‘bom samaritano’ construído por decisões supostamente protetivas, tomadas sem respaldo estatístico e que deram a ele a última imagem como governante (um herói que salvou a cidade de milhares de mortes), para pavimentar a estrada das eleições de 2022 (deputado) e 2024 (prefeito).
Neste momento do artigo, integrantes do Governo (que já devem estar me xingando nas redes sociais) defendem que ‘este não é o momento de falar de política’. O engraçado é que secretários que fazem este discurso na internet, deixaram este mês seus cargos na Prefeitura para cumprir o calendário eleitoral oficial e poderem, assim, disputar uma vaga na Câmara. Contraditório, não?!
O único consenso agora é que Macaé vai superar estas crises: a da Saúde, provocada pelo vírus chinês; e a econômica, conduzida por Dr. Aluízio. Seu povo forte, engajado socialmente, trabalhador e empreendedor, saberá distinguir cada um neste processo para dar as respostas que merecem.