Eva Maria Oliveira, conhecida como Dona Eva, nasceu em 23 de dezembro de 1910, no Quilombo da Rasa, em Búzios. Ao longo de mais de um século de vida, ela se tornou uma das figuras mais respeitadas da cultura quilombola no Brasil, sendo um símbolo de preservação da cultura afro-brasileira e uma referência para diversas gerações.
Filha de Maria da Conceição e Leonel de Oliveira, Dona Eva carregava em sua história as marcas da ancestralidade e do legado de seu povo. Ainda nos primeiros anos de vida, antes da abolição da escravidão, era carregada nas costas pela mãe enquanto esta era forçada a trabalhar, vivenciando de perto as dificuldades enfrentadas pelos quilombolas.
Ao longo de sua trajetória, Dona Eva representou a resistência, a tradição e a luta pelo reconhecimento dos direitos dos quilombolas. Sua residência também serviu como sede da Associação de Quilombolas da Rasa, um espaço de luta e resistência, onde foi realizado um dos momentos históricos mais marcantes: a visita do Príncipe de Oyo, da Nigéria, em 2023, reforçando a conexão entre a diáspora africana e o Brasil.
Dona Eva testemunhou inúmeras transformações sociais e participou de momentos históricos, como o revezamento da tocha olímpica nos Jogos Rio 2016, aos 106 anos, e a campanha de vacinação contra a COVID-19 em 2021, quando se tornou a primeira idosa imunizada em Búzios.
Dona Eva faleceu no último fim de semana, aos 114 anos, por causas naturais, em sua residência, cercada pela família. O velório aconteceu na Igreja Assembleia de Deus da Rasa, e o sepultamento foi realizado no Cemitério de Santana. Seu legado segue vivo na memória da comunidade quilombola da Rasa e na história de Búzios, sendo um exemplo de força, cultura e resistência para as futuras gerações.