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Cabo Frio

Justiça julga caso de corrida ilegal que feriu família em Cabo Frio

Depois de meses longe da mídia, um acidente de trânsito que chocou Cabo Frio em setembro do ano passado voltou a ganhar destaque nesta quarta-feira (28), quando foi realizada uma audiência decisiva sobre o caso. O episódio envolveu um homem de 40 anos, Maico Alves, e sua filha de 11, Ana Clara, atropelados por um carro durante uma disputa ilegal de velocidade na Avenida Júlia Kubitschek, no Centro da cidade.

“Por pouco não houve uma tragédia ainda maior. As vítimas ainda sofrem com as consequências, e a legislação segue falha, permissiva, sem força real para coibir esse tipo de crime”, afirmou o advogado da família, Luciano Régis. Segundo ele, a legislação brasileira ainda não acompanhou a gravidade de crimes de trânsito como esse, cometidos em vias públicas movimentadas e com risco claro à vida.

Maico ainda se recupera. As lesões o deixaram com limitações motoras, obrigando-o a usar muletas para caminhar. Apesar do sofrimento físico e emocional, ele expressou algum alívio com o andamento do processo. “A gente pensou que esse caso ia cair no esquecimento, mas está tendo um desfecho”, declarou.

Sua filha, Ana Clara, também precisou de internação e passou por cirurgia após o atropelamento. Hoje, ela retoma sua rotina com coragem. “Estou muito melhor. Já voltei a estudar, estou fazendo dois cursos e indo bem”, contou.

Logo após o acidente, os dois jovens motoristas envolvidos foram detidos, com imagens mostrando os carros em alta velocidade antes da colisão. As cenas capturadas por câmeras de vigilância circularam amplamente nas redes sociais e jornais, gerando indignação popular.

Entretanto, os dois suspeitos acabaram sendo soltos ainda no ano passado. Atualmente, respondem por lesão corporal grave decorrente de participação em corrida ilegal. Se condenados, a pena pode chegar a seis anos. A defesa, no entanto, tenta desclassificar a acusação para lesão corporal culposa, que prevê punição mais branda — até dois anos — e tenta enfraquecer o papel das vítimas no caso.

O desfecho jurídico desse processo será um teste para o sistema penal brasileiro, frequentemente criticado pela sua leniência em casos de imprudência no trânsito. Enquanto isso, a família de Maico e Ana Clara segue tentando reconstruir suas vidas, agora marcadas por um atropelamento que poderia ter custado muito mais.