Por Daniel Galvão
Nos últimos dias, três influenciadores digitais acabaram presos na região: Edu Borges, em Macaé, Ademir Lemos e Renan Finnellon, em Casimiro de Abreu. Eles se apresentavam como “blogueiros” e utilizavam as redes sociais para atacar autoridades e figuras públicas, mas, segundo as investigações, suas motivações iam muito além da liberdade de expressão. Os casos suscitam uma reflexão necessária sobre o uso irresponsável das redes e os riscos de transformar a internet em uma terra-sem-lei.
Em Macaé, Edu Borges foi preso por tentativa de extorsão contra o prefeito Welberth. De acordo com a polícia, o blogueiro exigia um pagamento de R$ 12 mil mensais para cessar os ataques que fazia contra o governo municipal em sua página no Instagram. Ele chegou a acionar um servidor público como intermediário para levar sua proposta ao gabinete do prefeito, mas acabou preso em flagrante ao tentar cobrar a “propina” do poder público.
Já em Casimiro de Abreu, Francirlei Cardoso dos Santos, conhecido como Lelei, foi o primeiro a ser detido quando recebia R$3,000 de uma vítima supostamente em nome de Finnellon. Dias depois foi a vez de Renan, dono de um canal local, preso sob acusação de crimes contra a honra e ameaças. O blogueiro mantinha uma rotina de ataques violentos contra diversas figuras públicas da cidade, incluindo o prefeito Ramon Gidalte e vereadores.
Além das ofensas, Renan também era investigado por incitação à violência e até ameaças diretas contra adversários políticos. O caso ganhou repercussão depois que autoridades municipais formalizaram denúncias contra ele.
Essas prisões relembram um caso semelhante ocorrido em Macaé, quando a página Trollando Macaé foi alvo de uma operação policial. O responsável pelo perfil, que se escondia no anonimato, também usava as redes sociais para atacar políticos, empresários e figuras públicas da cidade. Assim como nos casos recentes, investigações apontaram que os ataques não eram movidos por um interesse legítimo de denúncia, mas por interesses financeiros e políticos. Na época, a operação desmantelou um esquema de difamação e ameaças, mostrando que o abuso do anonimato na internet não passaria impune.
Os três episódios expõem um problema crescente: a banalização do jornalismo independente e do ativismo digital. Criar uma página e atacar políticos não faz de ninguém um fiscal do poder público. O que diferencia uma denúncia legítima de um crime é a intenção por trás das palavras. No caso de Edu Borges, Ademir Lemos e do Trollando Macaé, a polícia identificou motivações financeiras e pessoais, o que transforma qualquer suposto “trabalho investigativo” em mera tentativa de manipulação e extorsão.
As prisões mostram que a internet não é um território sem regras. Durante muito tempo, blogueiros e páginas anônimas usaram a rede para difamar, chantagear e espalhar desinformação sem sofrer consequências. Mas, agora, as autoridades começam a reagir para desarticular esse tipo de esquema.
Aliás, a Justiça tem sido clara: quem ultrapassa os limites da legalidade, seja com extorsão, difamação gratuita ou discursos de ódio, precisa responder por seus atos. Quem escolhe o caminho da mentira e da manipulação pode até conquistar alguma popularidade momentânea, mas sempre termina da pior forma: desacreditado, isolado ou, como vimos esta semana, atrás das grades.