A política de Casimiro de Abreu volta a ferver. Depois da cassação do vereador Pedro Gadelha (UB) por compra de votos nas eleições de 2020, uma reviravolta no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) pode atingir também o prefeito Ramon Gidalte (Cidadania) e o vice-prefeito Marquinhos (PL).
Em decisão tomada nesta quinta-feira, 16, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) manteve decisão de primeira instância que havia cassado o mandato do vereador reeleito de Casimiro de Abreu, Pedro Gadelha (foto). Ele foi condenado por compra de votos nas eleições de 2024. A ação foi ajuizada pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), que concluiu ter o político sido beneficiado por um esquema de compra de votos flagrado no dia 6 de outubro de 2024.
Naquele dia, uma equipe de fiscalização do TRE prendeu em flagrante um homem em uma motocicleta branca, com R$ 2.400 em espécie, uma lista com nomes de eleitores — contendo número de título, zona e seção eleitoral, além de material de campanha com os nomes do vereador e do prefeito reeleito Ramon Gidalte.
Em vídeo divulgado nas redes sociais nesta sexta-feira, o ex-prefeito Antônio Marcos, revelou que o TRE determinou a devolução do processo à primeira instância para que Ramon e Kinha também sejam investigados. A decisão teria sido motivada pelo fato de que o material apreendido com o assessor do vereador cassado continha fotos dos três políticos juntos, o que levanta suspeitas de que a compra de votos beneficiou não apenas o então candidato a vereador, mas também a chapa majoritária.
Ex-prefeito se manifesta nas redes sociais
“Se o vereador foi cassado por compra de votos e era secretário do prefeito, é evidente que havia interesse também na eleição do prefeito e do vice”, afirmou. “O Tribunal mandou retirar a multa aplicada aos nossos advogados e determinou que o processo siga, agora incluindo o prefeito e o vice”, completou o ex-prefeito.
Pedro Gadelha teve o mandato cassado após investigação que aponta o uso de benefícios financeiros e promessas de vantagem pessoal em troca de votos. A decisão judicial determinou a perda do mandato e a inelegibilidade do parlamentar. Agora, com a nova posição do TRE-RJ, o prefeito e o vice podem enfrentar o mesmo destino, caso seja comprovada a participação deles no esquema.
A denúncia reacende o debate sobre a influência de cabos eleitorais ligados ao poder executivo municipal nas eleições de 2020. Pedro, antes de se eleger vereador, ocupava cargo de confiança na Prefeitura de Casimiro de Abreu, o que reforça a tese de ligação direta entre as campanhas.
Se a Justiça Eleitoral confirmar o envolvimento do prefeito e do vice, Casimiro de Abreu poderá viver um dos maiores terremotos políticos de sua história recente, com a possível cassação simultânea dos chefes do Executivo e do Legislativo eleitos em 2020.