Com uma prevalência de 15 em cada 100 mil habitantes, a EM é mais comum em mulheres entre 20 e 40 anos
Os profissionais de saúde e a comunidade se mobilizaram ao longo deste mês ao movimento Agosto Laranja, dedicado à conscientização sobre a Esclerose Múltipla (EM), que tem como data máxima, esta sexta-feira, 30.
A iniciativa, criada pela AME (Amigos Múltiplos pela Esclerose), visa desmistificar a doença, promover o diagnóstico precoce, melhorar a qualidade de vida dos pacientes, além de ampliar o conhecimento sobre esta grave condição que afeta milhares de brasileiros.
A esclerose múltipla é uma doença crônica, autoimune e inflamatória que afeta o sistema nervoso central, incluindo cérebro e medula espinhal. “Na doença autoimune, as células de defesa do organismo, como os leucócitos e linfócitos, começam a atacar estruturas próprias como o cérebro e a medula espinhal, em vez de proteger o organismo”, explica o neurologista Matheus Wasem. “Isso resulta na destruição da bainha de mielina dos neurônios, causando sintomas neurológicos que variam amplamente, dependendo das áreas do sistema nervoso central afetadas”, completa.
Entre os sintomas mais frequentes estão problemas visuais (embaçamento doloroso da visão ou visão dupla), fraqueza ou falta de sensibilidade de algum membro ou parte do corpo, formigamentos, dormência, dores ou queimações. “Os pacientes também podem apresentar memória ruim, fadiga, cansaço, desequilíbrio, dificuldade para andar, vertigem ou tontura”, acrescenta o médico. “Outros sintomas incluem urgência urinária, incontinência e bexiga presa.”
Impacto na vida dos pacientes
Descobrir que se tem EM pode ser devastador, uma vez que a doença não tem cura. “É fundamental ter o acompanhamento de um neurologista especializado em esclerose. Hoje em dia, existem medicações eficazes, embora de alto custo, que ajudam a controlar a doença e a melhorar a qualidade de vida dos pacientes”, orienta o médico.
O diagnóstico da doença envolve a análise dos sintomas do paciente e realização de exames, como o da ressonância magnética que permite visualizar lesões no cérebro e na medula espinhal”, explica Matheus. “Em alguns casos, também é necessário coletar líquor da medula e realizar exames de sangue para confirmar o diagnóstico”.
Com uma prevalência de 15 em cada 100 mil habitantes, a esclerose múltipla é mais comum em mulheres entre 20 e 40 anos. “Apesar dos avanços no tratamento, a doença exige um acompanhamento constante e uma abordagem personalizada para cada paciente”, afirma o médico.
Embora fatores como obesidade infantil, estresse e falta de vitamina D possam aumentar o risco de desenvolver esta condição, a prevenção ainda é um desafio. “Mesmo com hábitos saudáveis, a doença pode ocorrer”, alerta. “Portanto, é importante estar atento aos sinais e buscar orientação médica ao primeiro sintoma”.
As limitações impostas pela doença podem ser significativas. “O maior receio dos pacientes é a possibilidade de depender de uma cadeira de rodas ou de cuidados constantes”, observa o neurologista.
“Outras limitações podem incluir visão embaçada e comprometimentos mais severos da memória em casos avançados, embora a cegueira e déficits cognitivos graves sejam menos comuns”, ressaltou Matheus Wasem.